potros esfomeados
Quando o dia está entrando na sua toca
Ainda não pertenço no manhã, cuja mãe,
Em profundo labor e desespero não dorme
De dor por mais um filho que vai nascer,
Filho brilhante ou lúgubre desprovido
Do que sabemos, é um outro dia, que
Pegamos a sombra desse e o colamos
No seu ventre, sem nada a fazer, nos
Guardamos no mesmo bosque escuro,
Foragidos de clarão intenso, ou da
queda desenganada. Ajoelhamos
Diante da árvore mais frondosa, em
Que sua sombra nos sugere um amortecimento,
Com o vigor da lua, furando as folhagens
Com sua luz embriagada, talvez tenhamos
Um música flertando com um adubo
Iluminado, as lembranças de alguns
Serão o moedor que desfazendo da
Memória espirra sangue no assolho
Improvisado de uma passagem moribunda.
Os planos, empacotados, já criam o amanha,
Não o aveludado sexo de borboletas nascidas
Do encontro de potros esfomeados, mas
Aquele dia que seremos, os mesmos que
Apavorados, esmurramos as nossas próprias
Portas, já que seu enigma perde o sentido
Quando é o silêncio que quer falar.
De cansaço, adormecemos, o outro dia
É pouco, mas é quase tudo do dia
Que agora só encontramos nas faíscas das memórias
Quando dia já nasceu, acordamos e é a dor
remanescente do seu parto que nos espanta pra vida