Quando sobre o abismo da morte
O poeta escreve terra,
na palavra ele se apaga
E suja a página de areia.
( Mia Couto)
Sobre a terra que pisa,
Está a ancestralidade,
minha sina...
Contar a minha história,
sons mudos de meus irmãos, sonâmbulos...
De uma guerra triste,
mutiladas almas,
Crianças perdidas,
brinquedos perdidos ,
Ao som de explosões.
Ao caminhar em campo minado, sei que ainda
Temos sonhos...
abençoados...
Suja a página com areia do tempo, inexato.
Já refeito pontes e estradas
Podemos caminhar ...
caminhos que levam,
E trazem um povo
sofrido de existir.
Minha mãe África,
deito uma letra ainda
suja de suor e lágrimas.
escrevo apenas:
Cuida dos meus irmãos.