P R E C I O S I D A D E S (356)
T E L A A P A G A D A
Como isso aqui mudou ! . . . Agosto, o ano passado
tinha mais sol, mais luz, mais calor, menos frio ;
mas tudo mais é o mesmo - a água do mesmo rio,
a ponte de madeira, as mangueiras, ao lado.
Velhas, grandes, em flor, o lanço esburacado
do muro, e o líquen nele, e a avenca, e o luzidio
lacrau, que salta, e vira, e já volta ao desvio ;
o cão ganindo, e a um canto, à esquerda, ao longe , o prado.
Bambus em renque, em meio o caminho, e no espaço,
longe do morro, ao fundoo, a casa; e no terraço
sobre o jardim, talhando o ar cintilante, a imagem
De um anjo - um áureo nimbo à coma, o olhar humano
como jamais pintou Corrégio ou Ticiano :
quem, levando-a, apagou a esplêndida paisagem ! . . .