Soneto das horas inacabadas
Soneto das horas inacabadas
Perco-me nas horas abraçadas aos ponteiros cansados
Enamorados aos sorrateiros minutos atordoados
Que vivem em compassos desbotados limitantes
Em movimentos arrastados por ventos relutantes
Páro no imaginário de cada segundo de tempo perdido
Que se esconde solitário no meu mundo colorido
Procuro o que o tempo escorregadio tornou proibido
Num escuro sombrio que nunca foi sentido
Cada momento que passa torna o tempo envelhecido
Com rugas de sentimento de trilhos tatuados
Na pele de dourados brilhos em fios de pecados
E os meus olhos doce mel pulsam o instante vivido
Porque os passados são espaços doentes de vazios sufocados
Em delicados abraços com os presentes inacabados
Luísa Rafael
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Porto, Portugal