o tempo fazendo as contas

Desci a rua escura que dava ao descampado,

Não havia casa, nem meninas procurando

Tronos e um fauno a lhe precaver das sombras.

nem o odor dos trabalhadores voltando pra casa,

só a nódua do silêncio a esbravejar meu coração,

minhas pernas já não se sabiam, como rio a plainar

na superfície da pele, o ar dominada o ventre e fazia

do meu destino um fio escarpado numa madrugada chuvosa.

Não havia distância, tem altura,

somente o ferro retorcido pingando

O sangue de suas veias, ou a dor de se saber ferro que

Já foi escapamento, carro, ou o trem que cobria o

Mundo orgulhoso de sua grandeza.

Brasas e brabeza comprimiam o ar que jorrava sem

Parar da boca de uma terra que desenhava o que

Pensava com lápis de malva, aspirei este lugar,

Afundei minhas pernas no seu chão infecundo, os

Amores que tive voavam na aureola de uma vontade violada.

Anotei seu nomes com letras feita de tempo e abundância,

Então soube que o tempo havia se vingado por não tê-lo

amado