rupta

A rotina não tem pressa nenhuma

Não se alimenta da ansiedade

Toma café preto sem açúcar

Enquanto observa a hora seguinte chegar sem alarde

A rotina há dias começa sem esperança

Porque já sabe o que está por vir

Compra pão, frita o ovo na manteiga

E conversa com o podcast antes de dormir

Talvez por isso mesmo a rotina canse

De tanto que cabe só num apartamento

E preenche gavetas e dentro da geladeira

Quando encontro a garrafa d'água vazia

A rotina queima devagar como o incenso à xangô na sala de estar

Onde ninguém fica

Ana Maria de Queiroz
Enviado por Ana Maria de Queiroz em 14/07/2023
Reeditado em 14/07/2023
Código do texto: T7836845
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