O QUE SOU...

 
Sou o que vivo...
Ser consciente, em busca
de bons momentos.
Aprendiz eterno,
nas paralelas da vida.
O que preciso ser!
Um qualquer motivo,
para manter-me viva!
Em tudo que sinto,
sou o riso da folia
e gotas de nostalgia.
Sou labirintos...
 
Às vezes, perco-me
em enredos, tantos!
Vasculho segredos
e nos ventos-mistérios,
encontro meus medos.
Aí, sou metades...
No corpo pouco santo,
uma alma sem vaidades.
Sou sentimento singular,
em pluralidades...
 
Sou quase tudo,
quase nada...
Sou porções...
Também sou muros,
bloqueando a passagem
das saudades...
Tentando reter o tempo
das solidões,
que avançam sem piedade...
 
Sou o vôo, numa liberdade
em grilhões...
Sou o sorriso esquecido
em molhadas madrugadas,
o amor sem maquiagem
num doer sentido.
Sou viagem...
 
Sou luz em noites traiçoeiras...
Sombras, em auroras fugidias,
que num constante vai e vem,
em instantes, esvaem...
Sou tudo em alguém,
sou mulher, inteira!
E num silêncio minguante,
lágrimas caem...
Sou ninguém!
 
Em sonhos argentados,
sou criança...
Na dura realidade,
anciã!
Sou o fundo do poço!
E assim do nada,
sou esperança em alvoroço!
 
Sou nuvem passageira
e na chuva que rega a terra,
sou fruto, semente, raiz...
E nesta passagem ligeira,
sou redemoinho de lembranças,
sou passado!
Apenas um pequeno esboço,
num grande chão de giz...
 
18/12/2007
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 18/12/2007
Reeditado em 23/10/2009
Código do texto: T783675