VAMOS de POESIA (Série Poética)

Casimiro José Marques de Abreu

Nasceu no Rio de Janeiro em 4 de janeiro de 1839.

Faleceu em 18 de outubro de 1860

Sua escrita é marcada por um romantismo nostálgico

e um lirismo ingênuo tornando a poesia suave e musical

Perfumes e Amor

A flor mimosa que abrilhanta o prado

Ao sol nascente vai pedir fulgor;

E o sol, abrindo da açucena as folhas,

Dá-lhe perfumes — e não nega amor.

Eu que não tenho, como o sol, seus raios,

Embora sinta nesta fronte ardor,

Sempre quisera ao encetar teu álbum

Dar-lhe perfumes — desejar-lhe amor.

Meu Deus! nas folhas deste livro puro

Não manche o pranto da inocência o alvor,

Mas cada canto que cair dos lábios

Traga perfumes — e murmure amor.

Aqui se junte, qual num ramo santo,

Do nardo o aroma e da camélia a cor,

E possa a virgem, percorrendo as folhas,

Sorver perfumes — respirar amor.

Encontre a bela, caprichosa sempre,

Nos ternos hinos d’infantil frescor

Entrelaçados na grinalda amiga

Doces perfumes — e celeste amor.

Talvez que diga, recordando tarde

O doce anelo do feliz cantor:

— “Meu Deus! nas folhas do meu livro d’alma

Sobram perfumes — e não falta amor!”

Casimiro de Abreu
Enviado por Lia Fátima em 14/07/2023
Reeditado em 21/07/2023
Código do texto: T7836585
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