Peregrina
Não dá... não dá para dizer tudo o que se pensa,
pensar às vezes espreme a alma, uma vez alma
espremida, os caminhos se confundem, estranha
é a passagem, duma alma só, e triste pela vida...
andar a esmo, sem vontade de nada, sem lugar
algum para pousar, faz calar por dentro... muitas
coisas que a alma precisa para sempre guardar.
Fechar a boca, fechar os olhos, tapar os ouvidos,
colocar todos os sonhos no arquivo morto, abrir
mão de tudo, se perder... por esse mundo louco,
sendo mais louca ainda, a alma, mar do sufoco.
Sou a flor perdida, borboleta solitária, assistindo
consciente que aqui tudo se esvai, junto a alegria,
a esperança, o que resta por dentro é um mundo
de ilusão perdida, que da alma nunca sai.