O Ladrão
Andava eu numa rua, lá do Rio de Janeiro,
E já era de noite, quando surgiu um bandido.
Pensei que eu tinha morrido
Mas só levou-me o dinheiro.
Não tive nem alternativa;
Soltei uma forma verbal:
"Volte aqui, homem mal".
Quebrei-lhe toda expectativa.
Ele pediu-me um motivo,
Meio em tom musical,
E perguntou chateado,
No passado do indicativo:
"O que foi essa palavra?
"Qual que é seu objetivo?"
E ficou meio intrigado
Quando ele viu que eu chorava.
Nesse momento, depressa,
Lancei minha arma secreta:
Lhe recitei um poema,
Armei-lhe todo um sistema,
E o coitado caiu no chão;
Foi muita bala pro coração!
Levantando, me deu o dinheiro,
Lhe dei um aperto de mão,
Certo que havia um ladrão
A menos no Rio de Janeiro.