Mito
Presto atenção no vento, ao relento
Que em tempestades traz a tua falta
Me arrancando o telhado, nada fica de pé
Me encurralando em estradas obstruídas
Varrendo as estrelas pra debaixo da maré.
Soprando as nuvens em quadros de janelas
Correndo as dunas, ocupando as passarelas
Esvaindo a minha vida entre gráficos e tabelas
Erguendo suas torres entre as dores paralelas.
E a chuva segue incessantemente duradoura
Então sigo saltando as poças com teu reflexo
Sigo encharcado pelas gotas que despencam
Caindo do céu como resposta ao paraíso
Entre os trovões que ecoam no céu nublado
Um lapso de memória traz de volta o teu sorriso.
Caminhando pela calçada, pra não sujar teus pés de areia
Sendo eu o rei do drama, trago pra você a lua cheia
Na escura solidão, onde por tua luz minha alma ainda anseia
Nossa história se faz mito, e se desfaz entre o sol e a fogueira.