Eu - Prótese de Mim
Vivi sob o domínio da voz do teu olhar
Vivi sob a tutela que a voz do teu achismo me indireitava
E eu troncho sob o rigor bruto do queria me dizer o que o teu olhar não me dizia
Eu esculpido sob a miríade de dizeres sobre mim que comigo nada tinha a ver
Eu torto sob os rigores do teu olhar que me anestesiava de medo
Eu - segredo sem ser
Eu - medo sem ser
E eu perdido nas esteiras dos teus achismos
Dos teus abismos
Dos teus labirintos tontos ocos lodento das gasturas desgostosas de tu mesmo
O teu olhar que me silenciava e inerte me deixava perante a covardia de aceitar tudo o que você de mim pensava e me dizia soletrando cavando os caminhos por onde eu teimava andar não sendo eu mesmo
Mas, sendo preenchimento das lacunas vagas, obsoletas e arcaicas dos teus achismos vagabundos
Eu - Prótese dos teus caprichos
Eu - Fantoches dos teus preconceitos
Eu - Fantasma de mim mesmo
Eu - Espelho sem luz e sem reflexo de quem eu verdadeiramente sou
Eu - Fantasma maquiado pela ternura
hipócrita do teu olhar a me aplaudir por eu de mim nada ser
E de mim nada saber
E de mim sorrisos plásticos exibir
a esparramar os desdobramentos dos meus desertos
Eu - Cego
Eu - Surdo
Eu - Mudo
Eu - Imundo com meus medos mais infantis
Ninguém nasce sabendo o que é
Ninguém nasce sabendo o que quer ser
As cartilhas - ditaduras insistem e persistem em tingir a atingir com seu corolário fastioso demente e imbecil
Faz de outros fantoches e capachos
Peregrinos de caminhos esculpidos sob a arrogância das mentiras dos que pensam saber quem você é...
Essas cláusulas
Essas jaulas ambulantes
Esses encaixotamentos absurdos
Mesclados de sorrisos falsos e absurdos
Esses olhares que nada sabem de si
E de si nada são
Apenas preenchem as esteiras de sub - vidas desumanas, desumanizadas e desumanizantes
Não posso mais absorver
As sombras e sobras do que pensam e dizem que eu sou
Quando na verdade ninguém é
Apenas nos tornamos - sendo
Em cada milagre de cada átomo do ar que respiramos