O pastor que anda pelas campinas
Sou o simples pastor que anda pelas campinas,
Com meus passos serenos e a alma tranquila.
Vago por duras veredas, tristes trilhas e atalhos,
Envolto pelos campos, canto sóis e luas que espalho.
Sou o observador das belezas campestres,
O amante dos segredos celestes e terrestres.
Contemplo o sol dourado que me aquece,
E a brisa dos vales que a vela dos barcos tece.
Sou o simples pastor que anda pelas campinas,
E vivo em companhia com as criaturas divinas.
A natureza me ensina suas esfinges profundas,
E me liga às raízes ancestrais fundas e fecundas.
Sou guardião de um rebanho, pequeno e leal,
Cuido com afeto, com amor e zelo divinal.
Conduzo minhas ovelhas pelos campos abertos,
Protegendo-as dos perigos, dos medos incertos.
Sou o pastor que encontra nas palavras o alento,
Componho versos que ecoam risadas e lamentos.
Minha canção é como o canto espectral do vento,
Levando ao coração a paz dos canaviais serenos.
Sou o simples pastor que anda pelas campinas,
Em busca da veraz essência que a vida ensina.
Na simplicidade eu encontro o rio da sabedoria,
E solitariamente caminho com serena harmonia.
Sou o confidente dos céus, das chuvas e das flores,
E compartilho com elas meus sonhos e amores.
Na calma dos campos encontro o meu esconderijo,
No templo dos pássaros e dos riachos busco regozijo.
Sou o simples pastor que anda pelas verdes campinas,
Em cada passo deixo abraços e pegadas cristalinas.
A simplicidade é meu rebanho, meu verdadeiro farol,
E na vastidão das miúdas coisas eu acho o meu sol.
Como as manhãs, sou o aprendiz das lições da vida,
Ao caminhar hei de encontrar a cura de minha ferida,
Como os pastos, sou o pastor à procura de paz e luz,
E legarei a marca do amor em cada caule, fruto e cruz.