OCASO

Se acaso o ocaso ocasionar desgosto,

enxugue as lágrimas,não molhe o rosto.

Pois um novo dia há de surgir,

esperanças novas, outro porvir.

Mas se, porém, nada acontecer,

não se desespere, deixe amanhecer.

Pois sempre a noite antecede ao dia,

cantar de pássaros, nova sinfonia.

A negra noite acalenta o sonho,

sonho do justo, não do homem insano.

Que em vã luta atormenta a alma,

nem novo dia lhe trará a calma.

Mas se o ocaso lhe trouxer desgosto,

sorria, mude a expressão do rosto.

Relembre o dia que antecedeu,

rememore tudo, pois o mundo é seu.

Planeje o dia do novo amanhã,

que há de vir de qualquer maneira.

Encare a vida com a mente sã,

durma tranqüilo, durma a noite inteira.

O cantar do galo anunciando a aurora

virá de certo, pode esperar.

Levante calmo, desejando agora

esperanças novas, pra quem desejar.

Porém, se o ocaso ocorrer em agosto

e lhe trouxer o maior desgosto,

deixe o mês transcorrer e calma,

deixe o espírito dominar a alma.

Deixe a razão governando tudo,

a dor esqueça, a emoção também.

Ouvindo tudo, pareça surdo,

nada receba de quem nada tem.

Quem sabe entender da vida a razão,

quem lê entrelinhas com retidão,

se pauta na pauta da sinfonia,

a noite se vai, espera-se o dia.

VEM - 14-11-83

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 29/11/2005
Reeditado em 15/08/2008
Código do texto: T78286