Ternos

Sigo ocupado pra me manter cansado.

Desamparado, na verdade a exaustão é o que me mantém acordado.

Desencontrados, eu e você seguimos caminhando para destinos separados.

Você caminha, no fim, eu ainda continuo estacionado.

Desobrigado, repetidamente tento me convencer de que o tempo não tem passado.

De que eu não tenho me enganado.

De que a chuva não tenha molhado.

E de que você tem me esperado.

Contrariado, ainda tento perdoar meu coração por ter me posto nesse estado.

Mesmo sobrecarregado, a idéia de um amor inalcançável ainda me deixa de certa forma extasiado.

Empoeirados, meus ternos de sensatez seguem no guarda-roupa pendurados.

Não os vesti mais depois de ter te encontrado.

Perdido viajando em nós dois, eu tenho andado desleixado.

Acabei deixando o restante de lado.

Por isso minha mente é por ti hoje um apartamento ocupado.

E só agora me percebo ser um síndico totalmente despreparado.

Desordenado.

Mantendo esse amor como um inquilino indesejado.

A muito tempo eu já deveria tela despejado.

Porém me poupo do trabalho de ter que arrumar o que você conseguiu deixar tão bagunçado.

M B
Enviado por M B em 01/07/2023
Código do texto: T7826728
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