Ternos
Sigo ocupado pra me manter cansado.
Desamparado, na verdade a exaustão é o que me mantém acordado.
Desencontrados, eu e você seguimos caminhando para destinos separados.
Você caminha, no fim, eu ainda continuo estacionado.
Desobrigado, repetidamente tento me convencer de que o tempo não tem passado.
De que eu não tenho me enganado.
De que a chuva não tenha molhado.
E de que você tem me esperado.
Contrariado, ainda tento perdoar meu coração por ter me posto nesse estado.
Mesmo sobrecarregado, a idéia de um amor inalcançável ainda me deixa de certa forma extasiado.
Empoeirados, meus ternos de sensatez seguem no guarda-roupa pendurados.
Não os vesti mais depois de ter te encontrado.
Perdido viajando em nós dois, eu tenho andado desleixado.
Acabei deixando o restante de lado.
Por isso minha mente é por ti hoje um apartamento ocupado.
E só agora me percebo ser um síndico totalmente despreparado.
Desordenado.
Mantendo esse amor como um inquilino indesejado.
A muito tempo eu já deveria tela despejado.
Porém me poupo do trabalho de ter que arrumar o que você conseguiu deixar tão bagunçado.