Chocolate com grapa
Ah meu amor/
Na ordem desse frio amargo/
Cujas necessidades/
Sem alíbe de maldade/
Associam-se as solidões/
Tantas vezes anfitriãs, acomodadas nas dores/
Dessa saudade/
Cujo silêncio quieto/
Agride e feri várias vezes o peito/
A fazer-nos sofrer/
Parecendo não ter jeito/
O desespero então, nos põe luto/
No entanto/
Quando à luz/
Refratária de um vinho envelhecido /
Como opção toma a mesa/
Quando o crepitar/
Das brasas no limiar das horas frias/
Supri as fraquezas/
Com as esperanças a mesa/
As nossas emoções/
Latejam e se desesperam/
Desnudando-nos de nossas tristezas/
A ver nas incertezas/
O verbo pulsilame desse amor/
A expor nossos corpos nus/
Pra se descobrirem e se reencontrarem/
Na valsa do vento/
Com a fome nos olhos atentos/
Com a ansiedade latente no sangue/
Sob a égide dessa loucura/
Cujo tom profundo apaixona/
Unindo nossos corpos divididos/
Num desejo parecido/
Que toma os sentidos/
Fazendo-nos viciar/
Num prazer insubstituível/
Só você e eu/
Insaciáveis, envoltos a bebida/
De um licor escorrido/
Que as mãos não cessam de escrever/
Que as bocas não cansam de se morder/
Cujo gemido desferido/
Na intimidade do calor cervical/
Atravessa a medula/
Como um punhal/
E firma-se para sempre/
Porque o essencial de ti/
Faz arte de mim/
Sobretudo, o que de mim/
Faz parte de ti/
Como chocolate e a cachaça/
Na terna graça/
Do amor, que firmamos/