Desconexo
A escrita é meu pecado,
Também minha redenção,
Ao inferno despejado,
Busco o céu em oração.
Entro em lugares,
Sem ser anunciado,
Minhas palavras agridem,
Sem nenhuma compaixão,
Minha dor,
Discorre em letras,
Esvazio,
O que me atormenta,
Palavras vão se encaixando,
Sem nenhuma sequência,
Sem forma,
E sem padrão.
Anjos,
Em meu ouvido sussurram,
Quase como em oração,
Ao pecado premeditado,
Escrevo pedindo o perdão,
Testemunhei o mistério,
Através da indagação,
Eu,
Respondo à minhas perguntas,
Me defino,
Sem razão.
Não sou de ser levado a sério,
Declaro e omito opinião,
Sigo,
De hemisfério a hemisfério,
Pelas asas da ilusão,
Sou mau,
E sem critérios,
Sou oposto a Platão,
Valores gritam,
E a moral,
Recheada de amor e paixão,
Servida em banquete,
Logo após a refeição.
Sinestésico,
Vejo com meu paladar,
Ouço a canção que cada letra emana,
Sinto a fragrância das cores,
E a textura de cada verso,
Tudo se torna poesia,
Do simples ao complexo,
Incompleto,
Não há final,
Tudo em perfeito desconexo.