Ainda vives...
E uma lágrima assim caiu
Em meio aquele sorriso
Saudade a menina sentiu
Do seu querido avô
Aquele que lhe ensinou
Que a vida era um paraíso
Saudade, muita saudade
A filha sentiu de sua mãezinha
E sempre lembrava dela
Do brilho que ela continha
Todas as vezes que para o céu olhava
E via aquela estrelinha
A mãe sonhou com o filho
Que há muito havia partido
Seu olhar amanheceu com brilho
Ela lembrou que aquele menino
Jamais seria esquecido
E com o cheiro do café
Torrando lá no fogão
Seu João lembrou da mulher
Que lhe roubou o coração
E foi embora mais cedo
Partiu para o infinito
Compartilharam tantos segredos
Viveram um amor bonito
Ela lhe deixou uma saudade
E um vazio esquisito
Do pomar lá no quintal
O cheiro da laranjeira
De um frescor sem igual
Inundava a casa inteira
E despertava na lembrança
Daquela doce senhora
O riso de seu esposo
Que parecia estar ali naquela hora
A moça lembrou do irmão
Ao sentir o perfume
De um jovem que passava
Lembrou daquele sermão
Que o irmão sempre lhe dava
Por amor, não por ciúmes
Era esse o costume
Do irmão que lhe amava
O filho lembrou do pai
Quando o rio aumentou a correnteza
E o campo esverdeou
Enchendo tudo de beleza
Uma lágrima em seu rosto rolou
De saudade, não de tristeza
No grupinho de amigas
Estava faltando alguém
Das amizades antigas
Que se foi para o além
E quando elas se reuniam
Boas lembranças surgiam
E todos ali sorriam
Lembrando aquela menina
Que a todos fez tanto bem
Tantas vidas que se vão
E continuam a viver
No pensamento de alguém
Quando lembram de você
Num perfume ou melodia
Que quem foi tanto gostava
Na lembrança da alegria
Que quem foi aqui causava
Ninguém morre totalmente
Enquanto permanecer
Na lembrança e no coração de alguém
Que jamais irá lhe esquecer...