Cadeira de Balanço
Quem nuca folgou em uma dessa,
lendo um livro ou jornal?
Lembro-me de minha querida avó, sentadinha,
num vai e vem parecendo estar no parque de diversão,
com os óculos repousando a parte baixa do nariz
olhando-me com um sorriso ingênuo de causar
inveja à tristeza.
A cadeira é uma amiga fantástica, sabe guardar segredos
quando nos ouve falar sozinhos ou dar rizadas
de coisas que não têm muita graça.
Ali na varanda fica estacionada,
esperando alguém para dar a partida
e acelerar com o corpo...
Para embalar sonhos, cantar, ver o sol se pôr
através da janela, empurrar um olhar para
o horizonte, ausentar-se do cotidiano por alguns
momentos... ah... e para contar histórias também.
Vai e vem,
Vai e vem,
Vai e vem.
Sentir a leveza, da alma que junto embala,
no vai e vem da cadeira, ao compasso do coração
que no peito pulsa, no vai e vem das paixões que ali se misturam
permitindo serem percebidas
num suspiro profundo do corpo lânguido, adormecido, feliz... num
Vai e vem,
Vai e vem,
Vai e vem...