allyson
pontes. putas. poetas. Não nesta ordem, ou desordem. o sal do cheiro do mangue, úmido, deita ao leito do rio algo fétido-lama. chama aos olhos-atenção. pescadores à margem amarram iscas e nos prendem os olhos, ao pé da ponte fonte fruto futuro no passado encardido e em desintegração-maresia. pontes. puteiros, não mais... ainda, cais. e poetas. poetas em concreto e bronze espiam as águas como outrora-turvas. turvo-me. não obstante a sanfona, a zabumba, o triângulo. as cores no chão pelejam com os chumbos de Junho no céu feito pólvora. rebenta o mar. retinas embaçadas. maresia. sal. chuvisco. um menino se afoba em dizer que não vai roubar. pede comida no entanto criança suplica uma caixa inteirinha de chocolates. cedo. haviam Bancos, luxuosos cabarés e até uma sede do poder municipal. há memórias - lembro outros meninos com o mesmíssimo texto há dez anos... pontes. putas. poetas. a bisavó narrava ter sido garçonete nos idos 1960 e 70. cada filho tem uns olhos, uma pele, um cabelo. cais. porto. porta. arcos delimitavam. Fora-de-portas. À fora com os pobres... mas a cidade nunca engana: “em Recife, a Miséria anda”.