Na órbita das Trevas
Nas sombras e nos sonhos me atormenta, em cada nova noite surge para me perturbar, na minha alma um adenoma já se encontra instalado.
Já não consigo mais respirar... E lavas, em temperaturas extremas, surgem dos meus olhos vermelhos, ardendo, que escorrem sobre o meu rosto pálido, queimando e arrancando a pele. Minhas pernas tremem, um suor de sangue percorre meu corpo fraco, doente se desmanchando em feridas.
Entro em transe, e sons invadem os meus ouvidos. Perco os meus sentidos tomados por fantasmas que vêm do inferno para me torturar. Demônios surgem da escuridão, armados com cabeças e almas de pessoas inocentes, e sua voz me atordoa, gritos me agoniam.
Cálices de ácido é servido, me vejo tragar. Correntes apertam meu pescoço, ganchos entram em minhas mãos. Ateiam chamas de fogo sobre minha roupa, meus pulsos cortados começam a ferver, já entre a vida e a morte, com a alma estilhaçada, facas correm pelo meu corpo como sangue nas veias, presa por arames, como raízes no chão, sou torturada, desmantelada...
Psicossomático desincorporado, em um abismo de trevas me vejo cair, sufocada em lágrimas de sangue, sepulto comigo a vontade de esquecer, de me libertar para sempre, daquele mal sem cura.
Agora, já o corpo vazio, podre, sem alma, sem respirar, fico a vagar entre becos, ruas, de porta em porta, implorando um pouco de piedade. E sobre o meu caixão um vaso de antúrio, último gesto de compaixão, ficando aqui registrado o último adeus de alguém que por amar, morreu.