A VIDA NÃO MORA MAIS EM NÓS
A vida segue sem substância,
sem númen,
através das vazias rotinas de uma existência danificada,
de paisagens massificadas, desinteressantes
onde as coisas e o eu importam mais do que o corpo e a natureza,
onde é quase impossível habitar.
A vida não mora mais em nós.
Agora, apenas as coisas tem alma e imaginação.
Apenas as coisas importam em tempos de reprodução infinita do que ainda será.
Nossos futuros inventam novos passados.
Os sonhos tornaram-se verbos
e não temos mais onde viver,
pois a vida não mora mais em nós.