Da Visão de Um Louco
Ver o mundo pelas telas de um louco
Em seu quarto escondido
Meio rouco de pensar
Nas tintas da TV adormecida
Ele encara a vida
Enquanto lá fora vão acreditar
Ele urge contra o tempo retorcido
E pinta em seu olhar perdido
A natureza num altar
A loucura já lhe virou estrela
E ele espera todo dia na janela
Que os outros venham lhe buscar
Ver o mundo pelas vidraças de um louco
Em seu quarto fechado
Meio rouco de viver
Nos portais da janela semiaberta
Ele quase acerta
Que o destino não vai comparecer
Ele odeia o dia feio e ensolarado
E deixa em seu corpo suado
A cicatriz do lazer
A loucura já lhe virou graça
E ele espera todo dia na fumaça
Que os outros venham lhe benzer
Ver o mundo pelas lentes de um louco
Em seu quarto deserto
Meio rouco de rir
Nos degraus da escadaria amaldiçoada
Ele não faz nada
E deixa o mundo inteiro se esvair
Ele queima tudo de peito aberto
E vê no futuro um concerto
A chuva um souvenir
A loucura já lhe virou gente
E ele espera todo dia na mente
Que os outros venham lhe servir
Ver o mundo pelos sonhos de um monstro
Em seu quarto louco
Meio rouco de compor
Nas ameias de uma mente tortuosa
Ele converte a prosa
Lançando ao inferno a quem supor
Ele desiste de tudo o que está pouco
Tela, vidraça, lente e troco
O cometa salvador
A loucura já lhe deixou medonho
E ele espera o dia enfadonho
Que os outros venham lhe depor