Loucura contente
Estive contente, todo poeta,
Embora navegando em nuvem incerta...
Havia um outro lado da ponte, onde meu coração via
Seu vulto numa casinha branca com flores na janela...
Mas a incômoda Razão antipaticamente advertia
Que se chamava Ilusão o que me esperava nela!...
Pensei: Se no chão os pés eu ponho,
Meu bom senso inteiro recomponho!
E na hora que pisei no chão,
Milhões de neurônios assumiram o comando
Da situação e negaram ao coração
O direito à fantasia. Agora eu me mando?
Sim! Ah, mas esta vitória
É tão pálida e tão inglória!...
Dói muito mais esta cinzenta lucidez
Do que a colorida loucura que não fiz.
Então, declaro que, numa outra vez,
Saberei ser louco, mas louco e feliz!...