Loucura contente

Estive contente, todo poeta,

Embora navegando em nuvem incerta...

Havia um outro lado da ponte, onde meu coração via

Seu vulto numa casinha branca com flores na janela...

Mas a incômoda Razão antipaticamente advertia

Que se chamava Ilusão o que me esperava nela!...

Pensei: Se no chão os pés eu ponho,

Meu bom senso inteiro recomponho!

E na hora que pisei no chão,

Milhões de neurônios assumiram o comando

Da situação e negaram ao coração

O direito à fantasia. Agora eu me mando?

Sim! Ah, mas esta vitória

É tão pálida e tão inglória!...

Dói muito mais esta cinzenta lucidez

Do que a colorida loucura que não fiz.

Então, declaro que, numa outra vez,

Saberei ser louco, mas louco e feliz!...

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 17/12/2007
Reeditado em 17/10/2008
Código do texto: T782034
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