Eu
Sou a forma mais inexata do sentir.
Sinto o não sentir por poder viver.
Sofro sem sofrer a dor que nunca tive.
Sou mãe, sou pai, sou irmãos...
Por não tê-los.
Sou mulher...Menina!
Menina não sabe o que quer!
Sou o avesso dos tambores.
E a leveza da flauta.
O contra do baixo embaixo da vida...
A observar.
Observar as borboletas que vão e vem em perfeita sintonia.
Não sou nada simpática, quando simpatia é falsidade!
Sou rude mesmo!
Rudimentar e apaixonada pelas minhas paixões.
Luto pelo querer sem saber querê-lo.
Vivo como aprendiz, procurando o caminho...
Temo não encontrá-lo!
Não sou poetiza, a poesia ou é romântica ou fatalista,
apenas grito em escrito.
Sou um bichinho preso na casa das conveniências.
Não sou muito eu por ter que ser gente!
Pareço-me com todos e com ninguém
Sinto-me estranha, esquisita, sem alguém.
Grito, mas não consigo discernir as alternativas.
Procuro as rosas que já foram perdidas
Sou um não parecido com sim arretado
Sou conceição sim! Por que não!
Sou uma, entre tantas mulheres pretas e pobres
Vixe, eu sou danada, mas pareço uma santa!
Não Imaculada, mas predestinada a voar...
Entre terras e mares consagrados por todos.