O Amor
Inúmeras horas/
Me procurava nas ruas/
Olhava nos olhos/
Conversava com pessoas/
Em silêncio confessava as noites/
Uma solidão/
Que encarcerava o meu coração/
Pedaço de mim/
Em lágrimas muito doloridas/
Frustravam a minha juventude/
Porque de fato procurava/
O que não sabia/
Procurava o que não entendia/
O fogo ardente/
A vontade ascendente/
De algo que me tomava o pensamento/
Vinha descobrindo a necessidade/
De ter alguém/
De ser um homem/
Pra uma mulher /
Um par em movimento/
Na valsa dos acontecimentos/
No entanto a vida é como é/
Ao redor ás mudanças/
Estereótipos te castram/
Te rasgam em feridas vivas/
Dilapidam teus sonhos/
Ditam caminhos/
Limitam com muros esculpidos/
Em tesouros e coisas/
A pessoa, que só podes ser/
E até ondes podes ir/
Parado ali/
Como um rio represado/
Comecei a olhar pra mim/
A olhar fundo/
O que há de bom/
O que cada um tem pra progredir/
À luz cinzenta dos dias/
Me fez descobrir/
Que o essencial/
Não é ser o tal/
Não é brilhar como metal/
Como a ilusão das bijuterias/
Mas nas entrelinhas da harmonia/
Compreender o que é vital/
Uma simples razão/
A linguagem da voz/
A parcimônia da alma/
A simetria do corpo/
Que habita em nós/
Foi quando, depois de muitos/
Erros e atropelos/
Desertos e desesperos/
Encontrei repousando nos teus sorrisos/
Nas tuas mãos/
Que sem agredir acalentava os meus anseios /
Foi então/
Que num quase nada/
De uma simples caminhada/
Encontrei você/
Que há tempos me olhava/
Me desejando sem poder/
Mais um caso de tv/
Sem dizer muito/
Porque o verbo era eu e você/
Nossas bocas caladas se encontraram/
Nosso algo atraiu queimando/
A forjar as joias/
Cujo beijo não tardou/
A excitar a liberdade/
Oferecida a essa minha vida/
Como um amor de verdade/
De tal forma/
Que hoje sou a cidade/
Do teu amanhecer/