CCB ou água

Ela me ajudou a romper

Ela, a Rita

Nem eu sabia

Descobri agorinha mesmo

Ela levou-me à melhor explicação

Da decisão que levou ao corte

Mesmo que fosse feliz na ausência da cicatriz

Foi ela. Tarde?

Não. Não foi tarde. Sempre há tempo

Quando há vida

Sim, ovelha rebelde. Somos

Descobri agora. Obrigada Rita

Era preciso assumir o medo

Olhar pra ele. Convida-lo a se sentar

Abraçar a criança. Ter autoridade e amor

É a verdade quem manda. Sempre

Descobri. Era preciso romper

Necessário. Urgente.

Agora sei. Caso alguém pergunte, eu falo

Falarei sem resquícios

Sem perguntas também posso falar

Até à toa e em versos

É pedagógico e político.

Falo

Jamais teria sido eu ali naquela caixa

Naquela caixa cinza e branca

Com letreiros pretos: “no Brasil”

Não teria sido eu esparramada. Teria não.

Teria sido algo reduzido. Contido.

Não adianta. O que é divino sempre escapa

Não virasse água, divino não seria

Seria foguete não lançado

Obrigada Rita. Por assumir-se gente.

Li Rita. Rita li.

Escrachadas. Responsáveis. Poderosas

Aqui tem ciência do rolê meu chapa.

Obrigada Rita.

(Isabel Rodrigues, em homenagem à Rita Lee e toda ovelha que, mesmo com medo, vai!)

Isabel Cristina Rodrigues
Enviado por Isabel Cristina Rodrigues em 22/06/2023
Reeditado em 22/06/2023
Código do texto: T7819777
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