CCB ou água
Ela me ajudou a romper
Ela, a Rita
Nem eu sabia
Descobri agorinha mesmo
Ela levou-me à melhor explicação
Da decisão que levou ao corte
Mesmo que fosse feliz na ausência da cicatriz
Foi ela. Tarde?
Não. Não foi tarde. Sempre há tempo
Quando há vida
Sim, ovelha rebelde. Somos
Descobri agora. Obrigada Rita
Era preciso assumir o medo
Olhar pra ele. Convida-lo a se sentar
Abraçar a criança. Ter autoridade e amor
É a verdade quem manda. Sempre
Descobri. Era preciso romper
Necessário. Urgente.
Agora sei. Caso alguém pergunte, eu falo
Falarei sem resquícios
Sem perguntas também posso falar
Até à toa e em versos
É pedagógico e político.
Falo
Jamais teria sido eu ali naquela caixa
Naquela caixa cinza e branca
Com letreiros pretos: “no Brasil”
Não teria sido eu esparramada. Teria não.
Teria sido algo reduzido. Contido.
Não adianta. O que é divino sempre escapa
Não virasse água, divino não seria
Seria foguete não lançado
Obrigada Rita. Por assumir-se gente.
Li Rita. Rita li.
Escrachadas. Responsáveis. Poderosas
Aqui tem ciência do rolê meu chapa.
Obrigada Rita.
(Isabel Rodrigues, em homenagem à Rita Lee e toda ovelha que, mesmo com medo, vai!)