RESILIÊNCIA

 

Tenho apreço

Por aquilo que não me custa

E é caro a meu ver.

Imóvel embaixo o vento

Apressa-me.

 

Você não suporta minha mudez

Essa pornografia da palavra

Sem nada

Sem palavras

Vazio

Olhares vazios presos

Num ponto de fuga

Longe de mim.

 

O que dizer?

Me perdi nunca me tive?

 

Tenho apreço

Pelo que você me fez descobrir

Minha mão renuncia nesses tempos modorrentos

Seus abraços modorrentos

Espremendo  palavras que não nunca tive.

Aqui dentro ainda estão acesas

Algumas velas esquecidas

Orações perdidas

Desejos

Somente

Semente?

 

Eu já não sei  rezar

E tenho ainda medo de atravessar a avenida

Cheia de pessoas escuras e brancas

Em silêncio contemplo

As ruas passando

 

Não custa nada tentar

Confiar um pouco em mim.

 

Eu tenho apreço naquilo que não tem preço

Olho para o céu e não sei

Se subo

Ou permaneço

 

Seus olhos são bonitos

E tenho desejo de você

Da sua boca palavrosa

Mas não a quero mais

 

Não sei se me calo

Ou se vou perecer

Eu tenho esperança

Eu tenho apreço e

Por incrível que pareça

Não cansa.

Esperançar.

 

Dir Lopes

valdirfilosofia
Enviado por valdirfilosofia em 21/06/2023
Código do texto: T7819093
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.