Sólida Invasão
Tu que me invades sem permissão
Permita-me que eu invada
Teu presente tempo sem previsão
Teu calor solúvel
Tua rua solidão
Sem bula e sem prescrição
Permita-me assentar
Todo pedaço de teu chão
Permita-me eu aquecer
Teu dorso em meu colchão
Permita-me acender
O que em ti é escuridão
O que em mim te pertence
Os óculos, o pente
O cristalino de minhas lentes
Os vícios de meus vultos
Imaginários de minha mente
Invade-me por inteiro
Inalando minhas provocações
Grafitas minh'alma
Em todas as tuas pichações
Com teus lábios coloridos
Fazendo-me perder o juízo
Na casa em que tu moras
No bosque dos meus abrigos
No bar em que tu bebes
A lágrima dos esquecidos.