No silêncio do corpo
No silêncio do corpo
Calar a voz viva do sorriso da boca
Engolir a saliva com a palavra solta
Escrever o pensamento nas linhas da mão
Guardar o sentimento na cela do coração
Tapar os ouvidos aos sons da solidão
Esconder os sentidos nos trilhos da circulação
Respirar pelos poros da pele marmoreada
Ser estátua de vitalidade de escultura inanimada
Abstrair do mundo sem que dele se saia
Mergulhar no eu profundo como quem nele desmaia
Usar o tacto sem o toque da sensação
Dormir no carrocel do sono embalado pela trepidação
Abrir os olhos vagos com a luz da alma brilhante
Focar o abstrato com o instinto galopante
Ler as entrelinhas da intuição soletrando lentamente
Saber que o silêncio da visão abafa o ruído docemente
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal