No silêncio do corpo

No silêncio do corpo

Calar a voz viva do sorriso da boca

Engolir a saliva com a palavra solta

Escrever o pensamento nas linhas da mão

Guardar o sentimento na cela do coração

Tapar os ouvidos aos sons da solidão

Esconder os sentidos nos trilhos da circulação

Respirar pelos poros da pele marmoreada

Ser estátua de vitalidade de escultura inanimada

Abstrair do mundo sem que dele se saia

Mergulhar no eu profundo como quem nele desmaia

Usar o tacto sem o toque da sensação

Dormir no carrocel do sono embalado pela trepidação

Abrir os olhos vagos com a luz da alma brilhante

Focar o abstrato com o instinto galopante

Ler as entrelinhas da intuição soletrando lentamente

Saber que o silêncio da visão abafa o ruído docemente

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 20/06/2023
Código do texto: T7817977
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