Telopsia
Televisão onde passa tudo,
no calor que o frio traz,
em êxtase proporcional,
mudo, na mentira que silencia.
Ligada durante a apresentação,
na alegria do olhar com atenção;
sem tempo, dia e noite,
deixa os sonhos cada vez mais asno.
Telerreceptor de inverdades, fake news,
filmes e series tendenciosos,
sessão de tardes que não voltam mais,
amado e odiado em guerras e historias.
Telopsia do Tião da esquina,
do Chico da borracharia,
da Maria do salão
do Carlão eletricista,
da noite que quebra rotinas de qualquer cabaré.
Televisor que jamais desliga,
contempla vícios lícitos e ilícitos,
dia a dia de toda a família,
de amigos e classes sociais, ou não!
Que nada ensina, só fantasia;
filtrada na fome dos controles remotos,
sem som, transitado por lados reversos,
deixa entrar na alegria do sol novo.
Onde a atenção acorda sozinha,
sem vida, pés descalço,
coerente na resposta que o vento traz,
no tratamento de seres transformados em títeres.