Quimera

Teu corpo antes quente como brasa

agora tão frio quanto a vida quando se esvai

Teus lábios antes suave como pétalas

agora acre como uma pedra que se desgasta

Teus olhos antes profundos como o oceano

agora rasos como um rio em período de seca

Tuas palavras, que me traziam conforto

tornaram-se vis como a própria existência

Tuas mãos, tão acolhedoras

tornaram-se inóspitas

Teu brilho tornou-se opaco

como uma tinta fresca, que seca e endurece

Já não encontro em ti o mesmo esplendor, o mesmo sabor

Para onde tu foste? Se és que um dia existiu

Oh, minha doce e bela ilusão.