ROTINA ( Todo dia a mesma sina )
Rotina que desloca minha retina
Tira do meu sangue a hemoglobina
Não me deixa sentir seu cheiro de la belle
E nem percorrer as veredas de sua pele.
Rasga o tempo com as mãos
Suga as tetas da parasitagem
Risca o fósforo e põe fogo na concepção
Aperta os parafusos da sacanagem.
Dissolve a idéia num copo de massa de tomate
Faz da programação uma diarréia
Mastiga os bons tempos como se fosse geléia
Torce instantes de alegrias com alicate.
Passa a régua na atitude
Deleta os casos, as historias, os costumes
Surfa sem ondas na amplitude
E degusta a nostalgia como se fosse um prato de legumes.
Tampa a boca do riso
Cospe na face da diversão
Chuta a bunda do improviso
Enruga a pele da ação.
Vende os litros vazios da percepção
Aterra os valores
Salga os sabores
Alfineta a participação.
Recita sem voz
Dorme sem olhos
Grita sem garganta
Chora sem lagrimas.
Rotina que vira sina,
A insatisfação vem embaixo e assina,
O corpo fede dentro da latrina,
A mente se dissolve em toxina.