O cachorro do vizinho
Primeira noite.
O cachorro do vizinho
Late, gane, uiva,
Dentro da noite insone.
As paredes, a janela
Não são barreiras
Para deter seus lamentos.
Segunda noite.
O cachorro do vizinho
Ainda sofre com a mudança.
Também sofro.
Eu, zumbi.
Impossível manter-se alheio
Ao seu padecer.
Terceira noite.
Um ou outro pequeno gemido:
Acomodou-se.
O vizinho é boa pessoa.
Seu cão, até simpático.
As mudanças.
Como adaptar-se às mudanças?
Ao final, aceitamo-las.
Maria da Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.
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