Madrugada
É no silêncio da noite
Na sua hora calada
Que o pensamento...
Voa leve e solto.
Sobe nas paredes...
Do quarto, da sala.
Passeia pela casa...
Senta à mesa.
Escorrega nos azulejos...
No box do banheiro.
Pula no sofá...
Liga o som e a TV.
Abre o livro e não lê.
Rabisca no papel...
Bobagens em versos.
Com os olhos semi-abertos.
Acende o cigarro...
Solta um pigarro.
Olha pela janela.
Escura inquietude.
Balança na rede...
Voltas e revoltas.
Breves notas soltas.
Aumenta o som.
A música tranqüliza.
Ameniza as feridas.
Pensa na vida...
O que há de ser?
Que farei de mim?
Bocejo e escrevo.
Aos trôpegos...
Abraço o travesseiro.
Adormeço só no corpo...
O pensamento distante.
Continua no sonho...
Seu vôo faceiro.
Hildebrando Menezes