Destino

Sorrindo das forças dos ares

Sentimentos ferozes que descobri

Atrás das torpezas dos mares

Dos ventos velozes que reconheci

Ainda que o sol revoltasse

A lua me guiava tão longe dali

Ainda que o som me banhasse

A rua me afastava das dores daqui

Ainda que no sono profundo

Acordava o vento tão menino

Talvez cruzar esse meu mundo

Fosse maior que o gesto divino

Olhava por dentro das eras

Eu via o sol nascendo latino

Ascensão das minhas primaveras

Na pureza de um deus, o Destino

Seguir as flores contra o vento

Fortes braçadas num mar qualquer

Para fora da tormenta ou tormento

Passar pelas nuvens que não se quer

Não chorar por quem nem nasceu

Perdoar por quem não me quiser

Não sou Altas nem serei Prometeu

Para carregar a culpa de quem vier

Ainda que os planos acabem

E minha falta repique um sino

Mesmo que as mãos se calem

E eu desista de um sonho fino

Se houver sol ou lua ou chão

Eu sigo cantando até o desatino

A queda da minha escuridão

Pela força de um deus, o Destino

A arte de curar-se com o medo

E seguir por um novo caminho

Esquecer tudo de gosto azedo

E enfrentar mais um moinho

Que toda a terra desapareça

Para ser mais que o meu ninho

Há canções na minha cabeça

E assim não faço a viagem sozinho

Ainda que eu siga perdido

Sigo o céu de cores que não imagino

Até achar o reino prometido

Surgir do mar num coro de violino

Lá depois da estrada descolorida

Não importa se aprendo ou ensino

É o último ato da peça da vida

Nos olhos de um deus, o Destino

João V Zibetti
Enviado por João V Zibetti em 17/06/2023
Código do texto: T7815808
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