L(ivre)
Estava com saudade
Sem saber que estava
Só depois que saí
Percebi
Quão mal me fez
Que estranho é
Acordar sem sentir o cansaço
Ecoado em minhas costas;
Andar sem motivo
Responder sem porquê
Por quanto tempo eu estive presa?
Em que ano estamos?
Por que nada parece ter mudado em mim?
Ou mudou
E eu não senti?
Depois de uma eternidade
Presa numa caverna
Vivendo como sombra
Me desacostumei com a luz
A luz, tão implacável,
Cegou meu falso eu,
Iluminou meu adormecido
Despertou-o abruptamente
Despertou-me
Clareou minha mente
Pouco a pouco
Fechou minhas pupilas
Dolorosamente
Desligou meu desespero angustiante
Para que eu pudesse ver
Novamente
O vívido azul do céu
Sentir o calor do Sol
Andar pela terra úmida
Ouvir o uivar dos ventos
Poder dizer
Aliviada...
"Acabou