Deixai
Deixai os fora da ordem
Deixai os fora das margens
Deixai os fora da caixa
Deixai os fora da lei
Deixai os fora dos limites
Deixai os fora da paisagem
Deixai
Deixai
Deixai
Deixai os fora do ritmo
Os desafinados
Os fora da linha
Os sem bolhas
Os desenquadrados
Os sem regras
Os sem linhas
Sem linhagens
Os viciados
Os sem grifes
Os sem desempenos
Os desritmados
Os sem lógica
Os fora da hora
Os fora da agora
Os que não foram
Os que não vão
Os desdentados
Os sem sorrisos
Os desnivelados
Os desqualificados
Os sem méritos
Deixai os sem cheiros
Deixai os sem cores
Os sem amores
Os sem louvores
Os sem avisos
Os sem encantos
Os limites
Deixai os sem gozos
Os sem méritos
Deixai todos os loucos
Deixai esses nutridos de poesia
Marginalizados e desprovidos das etiquetas bastardas
Os sem as ventas a soprar suas sombras de sobras e acúmulos de lucros ocos insossos e cinzas de tão vazios e sem os tantos bolores em suas narinas a inspirar e expirar soberba e valentia
No seu extasiar-se cotidiano
Semearem
a boniteza de cada dia
Deixai,
por favor
Deixai