Ao poeta de Sapé
Caríssimo poeta amigo dos vermes e da morte
Cujo verbo divino rompe lápides e tumbas,
Exumando do íntimo horror as catacumbas
Expondo da humana gente a malfadada sorte
Augusto, como augustas eram as velhas deidades,
Desnudaste o horror e dele revelaste o belo
Afrontando intimorato do Ceifador o cutelo
Com tua incomparável e absurda genialidade
Dos Anjos és, decerto, posto que o teu olhar não recua
Mesmo ante a dantesca visão da matéria nua
Que aos meros mortais infunde acerbo terror
Ofereço estas modestas linhas a ti, poeta extremado
Cujo inigualável versejar fez em mim despertado
Pela poesia das sombras o mais sincero amor...