Canção de mármore
Uma canção é construída em árvores
em flores metálicas,
de encontro às maçãs pálidas
do teu rosto de mármore.
Um rosto na areia
outro verso passatempo,
e o tempo não passa, passeia
nas minhas horas contadas,
em que se conta “o peixe-sereia”,
e nele tudo floreia!
Céus azuis e cédulas trocadas!
Isto, meu bem, são células do nosso tempo
É o nosso vento de areia...
Que não deixa nada, nada, nada...
Só mais um pouco
E mais nada!
Só mais um louco
E a manada!
Só mais uma canção
e um rosto em decomposição
no cinza da alvorada.
O que era sonho...
e não foi ação
foi só sonho de casa,
Se não criou asa
é escada
que o tempo derruba
no fim da picada.
E se não aduba
Não é mais tudo,
É só nada.
Se teu rosto de mármore
não virou árvore...
é só pedra lascada!
É só folclore
e mais nada.
Não chore,
Não chore,
Não chore,
Se não há metade
Se não há par
Se isto tudo não te cabe
se não sabes mais cantar
essa sofrida canção de mármore...
Escreve tua canção na calçada!
Nem tudo é nada e árvore,
Nem tudo é nada e mais nada...
E ainda te resta muito tic-tac na estrada.