Canção de mármore

Uma canção é construída em árvores

em flores metálicas,

de encontro às maçãs pálidas

do teu rosto de mármore.

Um rosto na areia

outro verso passatempo,

e o tempo não passa, passeia

nas minhas horas contadas,

em que se conta “o peixe-sereia”,

e nele tudo floreia!

Céus azuis e cédulas trocadas!

Isto, meu bem, são células do nosso tempo

É o nosso vento de areia...

Que não deixa nada, nada, nada...

Só mais um pouco

E mais nada!

Só mais um louco

E a manada!

Só mais uma canção

e um rosto em decomposição

no cinza da alvorada.

O que era sonho...

e não foi ação

foi só sonho de casa,

Se não criou asa

é escada

que o tempo derruba

no fim da picada.

E se não aduba

Não é mais tudo,

É só nada.

Se teu rosto de mármore

não virou árvore...

é só pedra lascada!

É só folclore

e mais nada.

Não chore,

Não chore,

Não chore,

Se não há metade

Se não há par

Se isto tudo não te cabe

se não sabes mais cantar

essa sofrida canção de mármore...

Escreve tua canção na calçada!

Nem tudo é nada e árvore,

Nem tudo é nada e mais nada...

E ainda te resta muito tic-tac na estrada.

srpoetrus
Enviado por srpoetrus em 11/06/2023
Código do texto: T7811214
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.