Os medos dos Padulas
O que se teme no povo
Não é seu sono, sua insônia
É sua chance de acordar
O que se teme no povo
Não é a escola massacrante, alienada
É o encontro com Paulo Freire na esquina
O que se teme no povo
Não é a saber da fanfarra atrás do cadeado
É a decisão em romper a porta
O que se teme no povo
Não é o beijo entre meninos
É a descoberta que o afeto mobiliza
O que se teme no povo
Não é sua voz calada, reprimida
São as cadeiras que fecham a via pública
O que se teme no povo
Não é sua ausência de perspectiva
É a assembleia, a ata e suas decisões
O que se teme no povo
Não é o vício, nem o grude com celular
É descobrir a web como arma
O que se teme no povo
Não é a festa onde faltou comida
É a potência da mesa compartilhada
O que se teme no povo
É a cabeça levantada, é desacatar Scherer(s)
É acordar Chico(s), Maria Gadú e Criolo
É lembrar que é gente, é sentir que sente
É fazer fagulha virar incêndio que não apaga
É teimar com calma, é seu uivo
É ser lobo articulante, no coletivo