O Palhaço

De um sorriso estonteante

Meu rosto pálido e marcado

Desfigurado em meu semblante

Um sorriso meio assombrado

De quem vive para ser engraçado

Mesmo em tempo sombrio

O meu sorriso é minha sina

Luto para não deixá-lo frio

Que não transpasse a alma fina

A imagem de tristeza cristalina

Para esquecer a minha dor

Entrego até a alma deserta

E só se tem algum valor

Ao cauterizar a ferida aberta

Dedicando a vida à risada certa

Vou carregando em toda rua

Uma gargalhada orgulhosa

Não suporiam que na lua

Escondi minha parte valiosa

Sentimentos frágeis como rosa

Sei fazer rir por natureza

E isso é tudo o que importa

Se me olharem com clareza

Verão meu sorriso uma porta

Fechado a quem entra, o riso se exporta

O Tempo me levará ao seu juízo

O sopro que me leva além do dia

Eu darei aos céus um último riso

Um conto que ninguém contaria

Mas até a Morte, então, riria

João V Zibetti
Enviado por João V Zibetti em 10/06/2023
Código do texto: T7810180
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