Sou Metáfora das Ventanias

Sou pipa dançando ao som das Ventanias

Sou metáfora fora da ordem

dos corriqueiros de plantão

Nas esquinas e veredas

insossas e desprovidas de Extesia

Sou pipa rebelde

Que dança sob os ritmos que pulsam de dentro

Sou pipa - pássaro

que faz curvas dançando

como a areia do Saara em dilúvios solares

Sou pipa em cores

Derramando perfumes pelos caminhos que componho

Sou pipa aventureira

Treiteira que comunga com os versos marginais nos muros sujos do suor de toda gente

Sou pipa transgressora

Ousada e maltrapilha

Rebelde e andarilha

Não tenho medo e nem covardia

Traço os meus traços com a rupturas das linhas curvas

Ondulares

Não tenho atração por linhas retas

Onde sub vivem à míngua os viciados em procrastinação

Sou pipa vadia

Que se nutre da poesia que cada quilate de solidão evade

Pelos corredores do mundo

Sou pipa esvoaçante

Sou pipa dançante

Sou pipa que se dilui na imensidão do céu

Que brilha e arde em mim

Em cada um de nós

Preciso do canto das Ventanias

Preciso o cheiro dos Passarinhos

Preciso de água do sol pra

Existir

Sou pipa matizada com as texturas das silhuetas do verão

Nos sertões com os beijos das Caatingas

Tatuadas em mim

Como cicatrizes do êxtase

de Existir

Em pleno e inexato

Estado de Poesia

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 10/06/2023
Reeditado em 10/06/2023
Código do texto: T7809962
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