É nas palavras que existo
Início do anoitecer e no céu pintada uma paisagem difícil de esquecer.
Um coração palpita apreensivo, prevê o encontro que está para acontecer
De repente percebo calado, parado à minha frente me encarando
um olhar fugaz que já não reconheço parece que está me estranhando
Esta figura não transmite nenhuma alegria, despede-se a felicidade
Já sei pelo seu olhar que é uma despedida e só me restará a saudade.
As despedidas não são bem-vindas, elas preenchem o coração de dor
E a dor queima profundamente letal quando ainda existe meio amor.
Sou arrebatada por uma vontade infinda de escapulir, de viajar
para onde o sentimento de perda não consiga me alcançar.
E o meu peito inquieto suspira e procura um abrigo invulnerável
Navego através da imaginação disfarçada de poeta imperturbável
Não minto, só crio realidade que não vivo, não desisto, insisto
na fantasia criada, da tristeza me escondo, pois é nas palavras que existo.
Umbelina Marçal Gadelha