Indefinido

Qual será a cor desses olhos cansados?

Que não vê nada além do horizonte.

Que pálpebras são essas

Que pesam, mas não se fecham?

Permanecem nesse meio termo,

Que não se encantam e recusam o eterno.

Qual o problema desse ouvido,

Que não ouve mais nem o que deseja.

Se desfaz das boas palavras,

pois o amargo se propaga no silêncio.

Francamente, o que há com essas mãos e esses pés

Que perambulam sem controle.

Sempre trilhando caminhos turbulentos,

Se agarrando na esperança espinhosa.

São melancólicos os dedos desgastados

Que não cultivaram identidade,

E só revelam a quem pertencem

Pelas linhas gravadas sem vontade.

Foi constatado que não há rosto, quero dizer:

Não há nada além de um rosto!

Perguntei quem era, não soube responder.

Suponho que essa boca não tem função, não sei se há dentes.

Faço outra pergunta: por que ou pelo que esse coração bate?

Abriu lentamente o fardo acima dos olhos,

Desistiu de qualquer coisa que fosse falar,

Apressou os passos e se foi com os seus olhos cansados.

Se ali há um coração que bate nunca saberemos.

Mas, certamente, há um sangue que circula.