TEMPO DE PÉ NO CHÃO
TEMPO DE PÉ NO CHÃO
Vivi o tempo do pé no chão
Do pouco que era muito
Do fazer com as próprias mãos
Do comer fruta no pé
De escalavrar os pés
Nas peladas de rua
Nas mãos sujas
De tacos e bolinhas de gude
Dos olhos voltados para o alto
Hipnotizados pelas pipas e rabiolas
Nos esfolados das pernas
Frutos dos carrinhos de rolimã
Na cabeça vazia cheia de alegria
Mesmo com a panela meio vazia
E tudo era festa ou briga
Menos o remédio pra lombriga
Na colher encardida
Mas em contrapartida
Tinha o Biotônico Fontoura
“Pra dá sustança”
E aguentar o fruto das lambanças
Quando o cabo da vassoura
Batia na bunda
E a razão da tunda
Era a malcriação
Que não tinha perdão não
E era seguida pelo castigo
Sem rua preso no abrigo
Sem pelada com os amigos
Mas com a certeza
Que mais dia menos dia
Voltaria a beleza
E assim era
À vera