Ser de lua
Pensei na arte que nos move a alma
Na parte que nos inspira a vida.
No que devemos fazer nascer
Quando a arte se faz lida.
Pensei nos teus olhos de paz
Na tua voz de ninho que abraça
Nos teus cabelos em caracóis:
Hipnose de quem passa.
Pensei nos papéis do artista
No canto, no movimento e nas cores,
No encanto, no ouvido e na vista,
No tato, no tanto de sonho e pendores.
Pensei no quão grande é o viver
Na mágica que cruza olhares
E faz um olhar ser capaz de reter
O outro olhar entre milhares.
Pensei no que me faz escrever
Neste instante aqui para ti,
Nessa fonte infinita de flores ser
A beleza real que na tua alma eu li.
É ela a arte culpada sem defesa,
Sem tribunal, condenação, ou juiz
Que faz de mim o que bem quer
E nos torna humanos só por um triz.
Pois que artista não parece ser gente
Como todas de osso, carne e pecado.
Parece ser de gota, de orvalho e nascente,
Ser de lua num céu estrelado.
Aflora.