A escada

Do meu quintal

Tão indiferente quanto o universo

Quanto às estrelas do céu

Que são planetas, galáxias, mistérios

Tão indiferente aos vivos que passam por cima dela

Igual às tempestades de verão e às massas de ar frio do inverno

Tão alheia aos que são mundos intensos e internos

Tão oposta às nossas esperanças

Aos nossos sonhos mais importantes e sérios

A escada em que subo e desço quase todo dia

É tão viva quanto à imensidão escura que a noite revela

Tão cheia de vida quanto uma pedra

Porque enquanto tudo passa

Se não há nada que a destrua

Ela continua

Firme e concreta

Já foram muitos os pés e as patas que passaram por cima dela

E se não há nada que a destrua

Continuará mais eterna

Que todos nós