Incrustada de Contradições
Se desejo morar em meus pra dentro,
com semibreves e bemóis
entusiasmados de solidão,
não me condeno.
Não entendo as sirenes do tempo.
Nem mais sei se a voz que me fala e lumina
ainda esteja isenta de cansaços de mim.
Talvez seja mesmo hora de me calar.
Sim, necessariamente...
Aprendi, em minha pequenez,
sofrer a dor do outro,
mas como entender a dor do passarinho
que, de coração, bico e asas machucados,
canta para o dono da chave da gaiola?
Não sei se consigo, não sei...
Embora seja tão igual.
Espírito incrustado de contradição... ...
Carrego as chaves da prisão
que eu mesma me fiz e me entrego,
dedilhando poemas,
às grades de meu próprio calabouço...