O olho na janela já não reflete...
O olho na janela já não reflete
A vida na rua quase se repete
O verso perde o verbo
Você é o meu tesão
Sua agonia a minha tensão
A falta perde o senso
Sem Lua, sem fumaça,
O meu riso não tem graça
Eu não te liberto
A rima fica falsa
Não é esse número, calça,
O ônibus passa perto
Você me cobra mais um mês
Caio com a embriagues
Não tenho dinheiro
Sofro o seu descaso
Corte as flores, até o vaso,
Sem sorte, acordo,
Fuja enquanto é tempo
Não sei o meu intento
Cortejo, corte e parto,
Falho com minha solidão
Mar, dor, imensidão,
Dúvida é o teu desatino
Só faço você sofrer
Dor, dores, dura de doer,
É o meu destino
Por favor, não chore,
Me perdoa, me adore
Sou seu marido
Falhei contigo
Briga comigo
O tempo não está perdido
Não vamos perder o ninho
Nem temos um filho
Temos um ao outro
É tudo o que temos
É o que queremos
Não posso vê-la partindo.
Peixão89
Sonhos Passageiros - 1988
Nem sei se consigo me perdoar por não poder tê-la feita mais feliz. Tudo o que pude fazer, fiz e faço. Sei que não é suficiente. Mas continuo tentando.
Neste 15 de maio, deste 98, ainda tenho esperança de que amanhã vai ser muito melhor. Que merda. Eu sou um otimista mesmo.